Deja vu

E ali permaneceu a menininha culta, de belos textos escondidos, vagando seu olhar num horizonte de distrações. Esperando que um dia o seu príncipe surgisse diante dos olhos e a despertasse de seu torpor. Sentindo dores que nunca foram suas, lamentando a perda do que nunca lhe fora dado, do que nunca tivera em mãos. Mas só porque ela queria sentir algo, dor que fosse, ao invés do vazio. Por várias vezes a menininha roubava olhares do pares enamorados para saber como era ser olhada. Frustrava-se todavia, pois sabia da inverdade de sua tese. Talvez por ocupar-se de querer o que não lhe pertencia, acabou por se amedrontar diante do que podia ter. A menininha teve medo de viver. Também pudera, morreria se tentasse enumerar todos os ogros que encontrou em sua trilha de fantasias. A cada encontro, uma parte de seu cenário era arrancada brutalmente. Hoje a menininha encontra-se num mundo sujo e destruído. Onde pessoas e flores se levantam para recomeçar. Mas ela... Ela continua sentada observando o por do sol.